terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Caso do Casamento


Quando os seus amigos mais próximos estão se casando, inevitavelmente você começa a ter dois pensamentos: 
1 – Ops, estou ficando velho; 2 – Será que eu quero isso pra mim também?

Um dia desses me vi dizendo a seguinte frase para um amigo: “Ninguém equilibrado se casa!” E o assunto principal nem era casamento. Esse também foi o tema de uma das melhores conversas que tive nos últimos tempos. Com um colega de turma, um amigo de quem eu gosto muito, à beira da fogueira no acampamento da ABU em São Carlos.

Talvez escrevendo tudo aqui nesse blog e lendo os comentários de amigos, eu sossegue um pouco e esse tema se torne menos obsessivo para mim...
           


O grande problema é que boa parte dos meus amigos (da minha idade ou bem mais velhos do que eu) se dizem cristãos. Mas se eu precisar dar um exemplo de casamento cristão, terei muita dificuldade!

Não quero ser um mero acusador. Acredito que todos nós somos pecadores e que, alguns de nós, estão aos poucos entendendo o que a Bíblia nos ensina em cada área da nossa vida e acho que esse aprendizado nunca acabará. Porém, quando vejo os cristãos elogiarem um casal ou uma família, eles quase sempre parecem elogia-la exatamente pelos aspectos que a tornam, na minha opinião, uma família não-cristã, ou até anti-cristã, de uma certa forma.
A família anti-cristã (talvez o melhor nome seja, família secularizada) é uma família que preza acima de tudo pela boa educação e pelos bons modos. Ela nunca incomoda ninguém e paga suas contas em dia. Quando eles decidiram se casar, tudo foi muito bem planejado e os noivos passaram um bom tempo trabalhando e economizando o suficiente para buscar a “estabilidade”.

Na minha cabeça, essa “estabilidade” ganhava sempre uma conotação econômica. O fato de muitos casais recém-casados da minha igreja deixarem o círculo dos jovens solteiros, se tornando mais "sérios" também me incomodava. E há uns 5 anos, mais ou menos, esse quadro tedioso também começou a me parecer pecaminoso.

Isso porque ele parece conter um certo elogio oculto ao homem. Um elogio não autorizado pelas Escrituras. Uma confiança na capacidade do homem em se organizar, arrumar um bom trabalho e viver pacatamente sendo fiel a uma mesma pessoa para sempre. Porém, o cristianismo que eu estudava, mesmos em trechos curtos da Bíblia, parecia sempre me dizer: "Você é um grande pecador e Jesus é um Grande Salvador. A Boa Notícia é que há solução para você, há redenção. Mas não espere nenhum de lisonja." 
O valor da ovelha perdida está em ela ser achada. Mas não há dúvidas que ela está perdida. E Jesus não ficou constrangido de contar essa história na frente dos “publicanos e pecadores”. O filho pródigo é recebido pelo Pai, mas não há dúvida que ele não é digno de ser chamado de filho! [Lucas 15]
           

Na minha concepção, a família verdadeiramente cristã é muito diferente disso. Ela vive confiando em Deus e caminha em novidade de vida. Ela está pronta para sacrificar a imagem de família bem comportada pelo bem de um de seus componentes. Ela está pronta para passar necessidade a fim de ajudar a um vizinho. Eles recebem muito bem seus visitantes e não tem vergonha de aceitar a ajuda dos outros.

O episódio do casamento dessa família pareceu mais um ato de loucura do que uma atitude equilibrada. Alguns diriam que o casamento de um casal de noivos missionários sem renda fixa e dependentes de ofertas de terceiros é um ato de loucura. Mas em que situação o casamento não é um ato de loucura? Quando se tem um emprego bom? Isso salva casamentos? Quando se tem uma renda fixa? Quando não se precisa da ajuda de mais ninguém? Esse isolamento é uma boa terapia? 
Se é que, em algum momento glorioso de nossas vidas, já vimos um casamento verdadeiramente cristão, com certeza, ele pareceu para a maioria de nós, uma coisa meio louca.
           

Alguns irão retrucar e, no fundo, eu sei que o verdadeiro cristianismo também aponta para o outro lado. O lado do compromisso racional, da moralidade, da ordem nas coisas, da honestidade, da sabedoria e da sobriedade. Como afirmou C. S. Lewis:
Você vai sempre encontrar a mesma situação em tudo o que é verdadeiramente cristão: todos se sentem atraídos por um aspecto disso e querem pegar só esse aspecto, deixando de lado o resto.

Eu sei que me sinto atraído apenas por um aspecto, mas isso não significa que os dois não sejam verdadeiros: A única forma de ser verdadeiramente fiel a uma única esposa é confiando apaixonadamente nAquele que criou essa união monogâmica. A única forma de sermos honestos é confiar que a ação de Deus em nós, conterá nosso lado pecador. A única chance de se criar bem um filho, é confiando em Quem o conhece e o ama mais do que os próprios pais.

Quem poderia dizer, em sã consciência, que sabe o que é melhor para um filho? Se é ter mais brinquedos e melhor alimentação ao invés de ter mais um irmãozinho? E pior: quem saberá dizer o que será melhor para o caráter dele no futuro?
Alguém lembra da frase de sabedoria da Dóri, em procurando Nemo: 
Se você não deixar nada acontecer com o Nemo, aí nada vai acontecer com ele.
A super-proteção dos pais, em geral, causa rebeldia e infantilidade nos filhos. E conheço alguns filhos cristãos nessa situação. 


Os pais de família devem ser honestos, mas se forem verdadeiramente cristãos, não confiarão em suas próprias forças. E a hipocrisia fica evidente quando falamos em tom de julgamento nos referindo aos políticos corruptos, por exemplo. A verdade, é que na maioria das vezes não nos vemos como pecadores! Nós, que nos chamamos a nós mesmos de cristãos.

Se um casal cristão busca ser, mais do que qualquer coisa, uma família honesta, bem sucedida, comportada e que não incomoda ninguém, entendo que esse casal constrói uma família com os mesmos padrões da sociedade de conforto e segurança acima de tudo. É a secularização, afinal. Penso que, no final das contas, esse casal confiará tanto nas circunstancias materiais que, cedo ou tarde, encontrarão problemas na família com os quais não saberão lidar. Penso que o mais óbvio desses problemas é que a conseqüência de uma criação mimada, abastada e super-protetora dos filhos não forja um bom caráter.

Se casar e ter filhos, para mim, se parece muito mais com uma aventura. Daquelas em que o mocinho não sabe se vai conseguir chegar no final da batalha, mas que parece movido por um sentimento arrebatador que sempre o coloca no lugar mais perigoso.
           
Por último, e dando um enfoque ainda maior para o lado econômico: Se um pai de família pede a ajuda de Deus para o sustento do seu lar, ele não pode confiar em nada mais. Isso não significa que ele deva necessariamente vender todos os seus bens, mas significa que os cristãos deveriam ser bem diferentes dos não cristãos ao lidar com suas economias. Não devíamos colocar nossa confiança nas riquezas. E, ainda assim, quando algum “cristão” diz que está se preparando para casar, não se entende que ele esteja fazendo algo muito diferente do que um não cristão faria. Se confiamos em Deus com ressalvas, a verdade é que não confiamos. E ainda ofendemos a Deus por julgá-lo fraco para nos prover do que precisamos.
o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;homem de ânimo dobre*, inconstante em todos os seus caminhos.[Tg 1.6b-8]
*ânimo dobre (aquele que tem a mente dividida - NVI)
Por isso, penso que, se algum dia glorioso de nossas vidas nos deparássemos com um casal verdadeiramente cristão, eles nos pareceriam muito estranhos. Eles se pareceriam mais com um casal que está prestes a largar o trabalho para cair na selva africana em alguma missão pouco reconhecida do que com esse casal padrão bem comportado e bem sucedido. Essa família “estável” e pacata que não falta nenhum domingo à igreja.
           
Para reforçar meu argumento, cito duas atitudes clássicas que demonstram, na minha opinião, que por trás delas, está uma confiança exagerada no homem:
- A guerra santa dos cristãos contra a união civil homoafetiva: os que se dizem cristãos hoje estão tão empenhados em compartilhar [não uma Mensagem, não uma pessoa, mas] uma cultura comportada, mimada e secular sobre todas as vizinhanças barulhentas que lhes rodeiam que estão prontos até mesmo a negar a plena cidadania a quem discordar nesse ponto, se esquecendo, porém, que o casamento bíblico vai muito além da heterossexualidade e que as famílias cristãs não são, em sua maioria, exemplo de famílias sadias.
- A cerimônia padrão de casamento dos que se dizem cristãos hoje, parece muito mais um momento de celebração de uma conquista individual. O momento mais importante é a entrada da Noiva. Os enfeites mais importantes da decoração são vazios. Não apontam para nada. Não têm significado. Não é uma cerimônia que tem a preocupação de ser “cristocêntrica”, usando as palavras de um dos meus amigos que está para casar.


Bom, é isso.
Me perdoem caso tenha ofendido alguém. Ou se esse texto foi longo demais à toa.
É provável que eu tenha me excedido e/ou me equivocado em alguma coisa.
Fiquem à vontade para discordar. Nossa opinião está sempre mudando. Ainda bem que sempre podemos aprender.
Comentem, por favor!


Essa postagem é oferecida especialmente para:
Meus amigos recém casados (Bruno e Carla, Lucas e Dani, Rê e Jaisom),
Meus amigos que estão para casar (Fil e Mari, Bruno e Ana, Tati e Rodrigo). Vocês são como irmãos para mim.
E também para o casal Guilherme e Pri, casal que eu curto e admiro muito!
E para a Edwiges, a única pessoa a me acompanhar quando passei por crises relativas a essas questões.
Fiquem à vontade para me corrigir e me dedurar. Amo vocês!


Lut.

15 comentários:

  1. Olá Lut!
    Bom, então tá, você disse para comentar à vontade, então vamos lá... hehehe. Se achar que o que está aqui não é bom que esteja nos comentários do seu blog, então apague e responda por e-mail =P

    Vamos primeiro ao que eu concordo: casar é sim, uma aventura, uma loucura. Não é coisa de gente equilibrada não, mas de gente que confia em Deus e, de alguma forma, quer se equilibrar... hehe. Deus sabe o quanto vou ser maluco, daqui a um tempo, quando estiver ali na frente da Igreja, com a confiança em Deus de que eu possa ser um bom marido e pai pelo resto da minha vida! O casamento cristão deve ser, sim, cristocêntrico, e deve sim, estar livre do apego aos bens materiais e ao falso moralismo. Concordo com você que muitas famílias são formadas por verdadeiros fariseus.

    Mas sinceramente, eu discordo da sua visão de que uma família "estável" e que vai à igreja todos os domingos seja algo longe do cristianismo verdadeiro. Porque, como conversamos ultimamente por e-mail, o sacrifício para Cristo não é só visível; ele também é invisível. E às vezes achamos que só a parte visível é a que faz diferença; a parte em que olhamos e dizemos: "Uau, que malucos são esses cristãos! Eles vão ser missionários na África e ainda estão casando!". Mas, eu também acho um sacrifício enorme a Cristo um pai que trabalha de sol a sol para dar boas condições à sua esposa e filhos; pais que trabalham todos os domingos na Igreja buscando o seu crescimento, e acima de tudo, uma família que se reúne todas as noites para louvar a Deus e glorificá-lo. Certa vez eu comentei uma frase do John Piper para você: "o evangelismo existe porque não há louvor". Da mesma forma, sacrificamos os bens porque queremos glorificar a Deus. A glória de Deus é o fim; evangelismo e sacrifício não. E uma família bem educada em padrões morais, com filhos bem criados, e uma vida financeira estável existe, sim, para a glória de Deus (desde que não esconda as "minas" que ganhou do seu senhor, e ignore o trabalho missionário e de edificação da Igreja - Lc 19:11-27). Existe sacrifício aí? E como existe. Trabalhar no crescimento espiritual de marido, esposa e filhos precisa de muita confiança em Deus. Mas ele não é visível...

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  2. continuando...


    Enfim, eu sei que o casamento é visto como loucura na sociedade secularizada de hoje. E sempre será visto. Posso até me abrir aqui e dizer que mesmo a minha família é muito alvo de críticas; uma família que talvez alguém consideraria como "estável" e "bonitinha", mas que de fato está longe disso. Mas acho que enquanto permanecermos com a imagem de "loucos", não estaremos passando testemunho algum; pelo contrário, só estaremos nos exaltando, mostrando quão bom somos por só confiar em Deus e não se importar com mais nada. O orgulho é uma espada de dois gumes: você pode se orgulhar de ser forte, mas também pode se orgulhar de ser fraco. E esse talvez seja um grande dilema da família cristã que também tem passado na minha mente nos últimos dias.

    Paulo nos deixa um bom conselho em 1 Coríntios 13: sem amor, de nada nos aproveita. Se eu tivesse uma fé que movesse montanhas, ou desse todos os meus bens aos pobres, sem amor, de nada nos aproveita. E o casamento envolve uma dedicação quase integral à sua esposa e filhos, de forma que não há muito espaço para sacrifícios *do tipo* que você comentou, e deve predominar o amor, que se revela muitas vezes, no cuidado e carinho (por isso Paulo não recomenda o casamento à algumas pessoas que querem ser como ele).

    E talvez, daí, poderíamos começar a pensar que Deus também cuida de nós como filhos e não nos nega os prazeres terrenos. Ele cuida de nós como filhos, e mesmo que alguém esteja passando fome do outro lado do mundo, Deus não se importa de nos dar, diga-se lá, um temaki california roll (aliás, negar algum prazer simplesmente porque alguém não o tem nos torna as pessoas mais ascetas do mundo). Ele faz isso porque o nosso prazer e satisfação O glorifica. E aplicando isso a nós, também devemos glorificar a Deus como maridos, ao tratar nossas esposas e filhos com carinho, não só fazendo-os frutificar no trabalho cristão e na vida espiritual, mas também lhes dando prazer, com almoços em restaurantes, brinquedos interessantes, e até mesmo arte. Isso faz bem a nós e é essencial, afinal, glorifica a Deus e nos dá uma visão do que teremos no céu, eternamente, ao lado do nosso Pai e esposo da Igreja.

    Bom, escrevi muito, mas é que o tema é extenso e complexo mesmo. Se quiser continuar por aqui ou por e-mail, vamos lá.

    Um abração, Lut!
    Fique com Deus!

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  3. Cara mto legal.

    Curti seu jeito de escrever.
    Parabéns mano. Apesar de discordar em alguns pontos, é como você disse: "me sinto atraído apenas por um aspecto".
    Mas sei que você sabe ponderar as coisas sem julgar as pessoas.
    Me manda sempre as atualizações. Se quiser uma arte alguma coisa pro blog, é só pedir.

    Bjo Brother!

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  4. Oi queridão!
    Tbém curti seu blog, curti ter um post oferecido pra mim hahaha!!
    Me sinto ainda mais lisonjeada por talvez ter "esse casamento", que "largou tudo", casou, veio pro Seminário, e vive hj uma vida de total dependência (em tds os aspectos e inclusive financeira do Senhor), esse casamento aventureiro heheh!

    Mas...curti o que o Fernando escreveu ai por cima, sobre aqueles "não tão visíveis" assim, trabalhando de sol a sol, dando duro por seu "sustento" mas q levam uma vida desprendida e dependente da mesma maneira!
    Casando e ficando "na mesma", casando e "indo pra África", tds temos desejos, almejamos e nos "preocupamos" com nossas condições, infelizmente nos preocupamos...talvez no dia-a-dia sejamos "tds iguais".

    A diferença está no coração que confia, e que depende do Senhor para td e qqer decisão, para a apresentação a Ele de td e qqer preocupação, a vivência de uma vida q o Glorifica seja aqui, seja na própria cidade, no Brasil ou no mundo...ter "largado td" não faz do MEU casamento, melhor do q os outros, essa é a minha história (junto com o Lú) e Deus, talvez tenhamos sido mais CORAJOSOS...mas no fim os sonhos e vontades se tornam parecidos com os daquele que casou e "ficou"!

    Não sei se consegui me expressar...é dificil, vc é filósofo, escreve muuuito e bem hahahah!
    Em resumo: Casar é muito bom, e o dia-a dia só é bem sucedido quendo vivido na dependência TOTAL de Deus, é Ele quem faz acontecer!
    Bjo grande, amamos vc!!

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  5. Ei, grande Lut!
    Que honra ter meu nome num post seu!

    Acho superválido vc ponderar todas essas coisas, tanto no momento que vc está, mas tbm pra gente questionar certos aspectos que ainda não nos prendemos.

    Uou, são muitas coisas pra pensar! Mas não quero deixar de responder agora pq depois eu esqueço (tenho essa dificuldade).
    Concordo em muitas coisas com vc!!

    Sim, casar é uma aventura.
    Sim, o casamento DEPENDE da graça divina.
    Sim, eu gostaria de ir pra África (rs).

    Considero que TODO casamento depende de Deus pra sobreviver, ainda mais hoje (não vejo esperanças para o casamento sem Deus).
    Entendo quando vc diz sobre secularização, somos educados socialmente para nos preocuparmos com certas coisas (droga de capitalismo, rs).
    E devemos, a partir de discussões sobre questões essenciais como essa, nos educar biblicamente.

    Mas sei que podemos encontrar casais verdadeiramente cristãos que são estáveis financeiramente, que não estão na selva africana, e mesmo assim são dependentes de Deus.
    Casais sem os títulos de loucos, mas que o são simplismente por viver a loucura do Evangelho sem aventuras tão visíveis.

    Me pego numa situação muito difícil quando penso em definir alguém como verdadeiramente cristão ou não, porque não cabe a mim fazer isso.
    Mas sei que cabe a mim me questionar se sou ou não e como isso tem sido evidenciado em atitudes.
    E me pego numa situação muito difícil quando falo sobre casais casados, pois não estou nessa situação ainda pra ter muitas colocações sábias.
    Mas posso falar com muita propriedade sobre a falta de equilíbrio em casar-se, pois tinha muito medo de tomar essa decisão (e o Ro sabe disso) pela vida normal que isso pode me proporcionar.
    AMARIA viver uma aventura louca sem estabilidade (Deus sabe a veracidade dessas palavras), mas talvez eu me ache numa situação como essa: um casal indo todo domingo pra igreja, preocupado com a educação do meu filho e buscando estabilidade por eles por ser tão pecadora quanto qualquer um desses casais.

    E aí?
    Nisso Deus tem me ajudado a confiar Nele também e a perceber outras possibilidades com uma vida "normal" sendo um casal verdadeiramente cristão.
    Talvez um casal com título de "dependente total de Deus" nos faria um casal mais fariseu do que cristão em certas situações.
    Talvez seja mais loucura pra mim viver uma vida "normal" e mais desafiadora no que se diz "não me conformar com esse mundo" e depender de Deus.
    O que tenho aprendido é: depender de Deus também significa se entregar a loucura do EVangelho pra viver uma vida relativamente normal.

    Ando pensando em quais coisas devo lutar contra no meu casamento e quais são da vontade divina.
    Só sei que relacionamentos são bem difíceis pra nós, filhos de Adão, e casamento deve ser o ápice dos desafios.
    Assim acho BOM os questionamentos, mas também é necessário olhar com misericórdia pros casais, pensando mais em como ser verdadeiros irmãos cristãos para sua edificação, do que julgar quem é ou não "trigo" de verdade.

    Bom, ainda estou em processo de aprendizagem sobre todas essas coisas.. talvez esteja errada em muita coisa, mas coloquei algumas coisas até pra serem questionadas (assim a gente aprende mais).
    Desculpa também se não escrevo tão bonito ou tão fácil de entender.
    Só uma coisa eu peço pra vc e pra Dé, quando vcs casarem, ajudem eu e o Ro a se questionar mais e viver mais parecidos com Cristo! =]

    Te amo muito, Lut!
    E, hoje, apóio muito a loucura do casamento pra vcs dois!
    Obrigada!

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  6. Hahaha... esse é o velho Lut que eu conheço, sempre com uma bomba! (num bom sentido =)

    Cara, não quero me alongar, até porque não sou bom para fazer isto por email e também porque não posso agora, mas...

    Concordo em muita coisa contigo, bastante mesmo, principalmente em algumas mudanças de foco que alguns casais tem, antes (preparação), durante (a própria cerimônia) e depois (a vida estável por si só), mas acho meio perigoso tomarmos algumas conclusões.

    O seu esteriótipo de casal cristão tem que ter como base a Palavra de Deus, a comunhão com Ele, que pode ser sim manifesto dentro de uma vida estável. Muitas vezes podemos olhar um casal de longe (que talvez até tenham se afastado depois de casarem) e tirarmos conclusões equivocadas. Talvez eles pequem por priorizarem muito a estabilidade (e isso não é certeza, porque não vemos seus corações), mais são servos fiéis, oram pelos filhos, pelo cônjuge, são benção em suas igrejas, em seus trabalhos, fazendo talvez a diferença ali com um modelo de família exemplar, não pela estabilidade (porque alguns não crentes podem até ser mais estáveis), mas porque o Senhor está naquela família, e pegando carona no seu colega, a sua glória se manifesta ali. Por outro lado, podemos ter uma família que não priorize a estabilidade, que até queira ser missionária, mas falha em muito mais áreas do que outras. Só vermos a nossa querida (ironia) Kety Perry, filha de pai pastor*. Então concordo com a sua análise e percepção de um casamento, não se aplica a só um determinado grupo de casais. Mas concordo que é loucura, porque quando olho para mim, minhas limitações, penso que Ele tem que ser mesmo a base, porque meu pecado pode atrapalhar tudo, num casamento estabilizado ou num campo missionária.

    Abraço e saudades de "debater" essas e outros assuntos complexos contigo, tomando um suco no Edson e mudando pouco as respectivas opiniões!

    * http://portuguese.christianpost.com/noticias/20110613/pastor-pai-de-katy-perry-desabafa-fardo-de-ter-uma-filha-que-nao-serve-a-deus/

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  7. Cara, é o Bruno... foi um nome de um Blog em projeto aki... ah, e obrigado pela dedicatória!

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  8. Lut, admito que me surpreendi com a referência a mim no final do texto! haha
    E por mais que possa parecer coincidencia demais, essa semana o Rodolfo tava falando sobre termos mais anos de graduação, sobre a gente casar, sobre ter ou não dinheiro para começarmos. E admitos singelamente, que sempre o começo financeiro da nossa vida tentando sermos independentes é dificil, mas que preferimos começar juntos.
    E esses dias que foi aniversario do Shell, encontrei com ele no Ru e fiquei pensando que gostaria de encontrar com você também, é muito tempo que a gente nao senta e conversa, e com certeza parte disso é culpa minha :(

    Bom, agora vamos aos comentários sobre o seu texto.
    Você me fez pensar em um conceito totalmente novo: secularização da familia. Realmente, parece que casar exige que estejamos estaveis e maduros em questao de dinheiro, relacionamento, emprego, lugar fixo pra morar, e essas questoes que o mundo valoriza como "pré-requisitos".
    As vezes eu fico pensando: "Só o amor, basta?"
    O complicado, é que eu -por mais contraditorio que possa parecer- acredito que o Relacionamento deveria ser a 3: homem, mulher e Deus. E a decisão de casar nunca é individual, os três precisam dizer sim. O maior problema é que a gente fica tão bitolado nos pré-requisitos pra casar, que eu mesma não tenho tão bem esclarescido quais são os itens verdadeiramentes importantes para decidir que é a hora certa de casar, se estamos prontos e tal. Eu também tenho medo, eu passo por cima do tempo, tomo minhas proprias decisões, e tropeço em meus próprios passos. Dá medo de encarar a ideia antes do tempo, de sermos influenciados pelo meio a nossa volta e pressionados pelas pessoas que nos rodeiam.
    Quando a gente se perde nas coisas superficiais, a gente se esvazia de conteúdo, pelo menos é assim que eu me sinto. Se não tomar muito cuidado, fico cada vez mais vazia do que realmente importa, o raro, o essencial.

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  9. Eu tenho na minha cabeça a ideia de que não quero fazer uma mega festa. É, não quero casar com festa, não me vejo em um mega vestido branco, sendo o centro das atenções. Quando eu vou em um casamento, me emociono, balanço, quando eu vejo em filmes, revistas e tudo mais, eu penso "Será que eu quero mesmo perder isso?".
    Nos meus 15 anos, eu gastei dinheiro. Não foi o pior aniversario da minha vida, mas por mim, eu não tera feito. Minha mae insistiu em fazer, eu me desgastei demais, tudo deu muito trabalho, muito desentendimento, e eu não curti a festa. Não deu nada errado, não foi horrivel. Mas foi pros outros, e eu lembro muito bem que aquela semana, "tanta" coisa pra fazer me deixou muito triste. E o melhor momento daquele dia, foi quando minha mae tava no salão, e até chegar a minha vez, eu sai pra tomar um sorvete muito bom, e vi que o dia tava lindo. :)
    Ganhei muitos presentes, é verdade. Foi legal, porque minha gente tem uma consideração enorme por eventos assim, então tentam te dar um presente com mais carinho, entende? Isso tambem acontece em casamentos.
    Mas de fato, esse episódio me fez chegar a uma decisão que ainda muito incomoda minha mãe novamente, hahaha. Não quero festa de casamento. No meu casamento, eu quero começar essa fase investindo no meu relacionamento. Marcando esse inicio defase nova com uma viagem, só nos dois, juntos, começando devagar, sem estresse e tantas brigas que podem trazer um planejamento de festa de casamento. A gente não precisa viajar pra um lugar super caro nem nada, mas a gente precisa começar sem brigar pela cor da toalha de mesa. Acho a lua de mel muito mais importante do que a festa. E não é pela noite de núpcias nem nada! É porque é o momento em que os recem casados, acredito eu, baixam as guardas, e aproveitam os dias pros primeiros passos juntos.
    Todo mundo ao redor vai ser contra isso, minha mae diz "Que isso! Isso nao é casar!" . Mas ninguem tira da minha cabeça que o melhor que termos é desde o começo, colocar as coisas no lugar certo. Você quer casar e com alguns anos de casados brigar pela arrumação da casa? Não, né? Então porque quer começar se estressando pela arrumação da festa? Sei que nem sempre vai ser assim, mas eu quero "brigar" só pelo o que é essencial, não pelo superficial. Por isso, acho bom que o primeiro passo valorize o essencial, e nao gaste tempo, paciencia, nem dinheiro com o que é superficial.

    Por outro sobre estabilidade e confiança em Deus, gosto de pensar num simples paralelo: Deus cura, certo? Nem por isso você vai cometer a loucura de ser desprevinido. É basicamente isso. Agora, tambem acredito que é verdade que existem niveis de doença em que nada além de um verdadeiro milagre de Deus pode ajudar. Será que estabilidade tambem nao é assim? A gente pode começar um casamento super bem financeiramente, e a vida nos surpreender, perdermos tudo, a ideia é continuar junto, alem da "riqueza e pobreza", nao é? Precisamos confiar que Deus não nos vai deixar faltar nada essencial mesmo. Mas é totalmente imprudente nos jogarmos nessa ideia sem fazermos a nossa parte. Deus faz o milagre, mas é nossa responsabilidade nos previnirmos das eventualidades, e principalmente não sermos imaturos, querendo cometer a "loucura" do casamento precipitadamente.

    É isso! Acho que vou ficar pensando um pouco ainda nisso.. Ou seja, o texto é bom! ;D haha

    Um beijo!

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  10. Esqueci de comentar uma coisa: quando a gente começa a namorar, tambem parece meio que loucura.
    O começo exige tanta "coragem", é tudo tão diferente. A gente nao fala "acho que vou namorar" e começa o projeto. O que começa é o sentimento. Acho que casar deve ser assim, quando for legal e não tipo "Já estamos namorando faz tempo, temos casa e ganhamos um salario fixo, é a hora."
    Acho que quando a gente começa a namorar, surpreendemos até mesmo a nós mesmos, "nossa, to namorando! haha", casar deve ser assim também. Um dia a gente se surpreende ;)

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  11. "Lut tá pensando em casaaaaaar -aaar -aaar. Lálálálálá" hahahahaha brincadeira, sou bobona, tu sabe! hahaha :)

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  12. Bom Lut, como muitas pessoas já falaram esse tema é bastante complicado e extenso para se tratar num post de um blog.
    Mas eu digo com todas as palavras e, por mais que seja pouca a experiência (apenas 3 meses!) que casar foi a melhor opção da minha vida depois ter aceitado Jesus como meu Senhor e Salvador!

    Eu fui bastante criticada por ter tomado essa decisão, como você sabe eu casei com apenas 21 anos, o que para o mundo é uma loucura casar com essa idade, já que para eles é uma das melhoras idades para se “curtir a vida”.
    Durante a preparação do casamento eu me peguei pensando nesse grande passo que eu e o Jeison tomaríamos, porque afinal eu ainda estou na faculdade e ele no doutorado. Mas sabe, a cada momento, até durante o namoro, nas preparações da festa, nos mínimos detalhes nós pudemos ver as mãos de Deus nos guiando, nos mostrando qual decisão tomar.

    Claro, como a Didi comentou, aconteceram algumas brigas e alguns desentendimentos ainda mais porque eu tenho um gênio muito forte, mas esses desentendimentos nos fizeram crescer como casal, nos dando mais intimidade com Deus e nos deixando muito mais dependentes.Eu não acredito que para se ter um verdadeiro casamento todos devem fazer uma MEGA festa. Não acredito que isso leva a felicidade, mas tudo depende do casal. No meu caso eu quis, era um sonho. O Jeison não tinha esse sonho (acredito que a maioria dos homens casariam no cartório apenas e iriam para casa logo em seguida). Entretanto, como eu havia dito, Deus não faz parte apenas do dia da festa, mas Deus faz parte de todo um preparamento e talvez muito antes de se tomar essa decisão, porque afinal você quis saber a opinião dEle, antes de começar a namorar, certo?! Deus, no dia da cerimônia é, tem que ser, o seu principal convidado, porque afinal Ele é o único que estava presente desde o começo. Com festa ou sem festa, casando no cartório, com ou sem lua-de-mel, Deus faz parte de cada instante do seu relacionamento.

    Se você já tem esse relacionamento a 3 (você, sua esposa e Deus)no namoro e noivado, ter Jesus presente na sua casa já irá fazer parte automaticamente da sua rotina. Claro, eu concordo em partes essa secularização da família, porém cabe ao casal lutar para que isso não ocorra. Mas é complicado falar que a família não deve ser dependente do dinheiro, afinal como já disseram (não lembro quem) para um pai de família trabalhar o dia todo e ver a esposa e filhos apenas no final do dia cansado é também viver na dependência de Deus, só que de um ponto de vista diferente.

    Bom Lut, acho que é isso. Casar é uma aventura sim! Esses 3 ultimos meses tem sido os mais emocionantes da minha vida hehe. É tudo muito novo, lidar com a casa, marido, faculdade, trabalho e ainda com a “separação” dos pais, mas eu te dou um conselho apenas. Quando for o seu tempo, cometa essa loucura também, na dependência de Deus a cada instante! Tenho certeza que será uma aventura maravilhosa!
    Beeijos, Rê Tribioli

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  13. Bom, como eu disse no Face:
    INcrível: meu post ficou muito enriquecido pelo q vcs comentaram.
    Fiquei mto feliz mesmo.
    Espero q tenha feito bem...
    Brigado a todos q comentaram.

    Admito os erros q vcs apontaram.
    Principalmente Fernando e Tati. Mto bom o q vcs escreveram.
    Espero q ninguém leia meu post sem ler o comentário de vcs.

    Eu ia me desculpar aqui e falar oq eu acho q mudaria no texto, mas vo deixar assim mesmo,
    Que esse debate gere em cada um de nós uma maior vontde de Louvar a Deus com cada pequena área das nossas vidas.
    Abraços!!!

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  14. Lut,
    Gostei demais do seu post!
    Não por que vc falou bem e escreveu bonito! rs ... isso tb, mas na vdd tenho pensado no tema e conversei até com a Gessica da ABU Rio Claro. O fato é nós todos pensamos bem parecido! Principalmente no que diz respeito à temida questão econômica, tanto para realizar o casamento, como no decorrer dele.
    Hoje o incentivo da sociedade é casar tarde, depois de ter "aproveitado" mt (como se alguém casado não se divertisse mais, nem aproveitasse a vida = a pessoa morreu pra essas coisas) e ter estabilidade: casa, carro, emprego bom!
    Com certeza não é isso que sustenta um casamento!
    As pessoas (até as cristãs) perderam a noção de casamento é construir algo, inclusive estes aspectos da vida! Conquistar juntos! Compartilhar!

    Creio que todos estes argumentos advém da falta de Deus, e/ou de casamentos falidos por mil motivos, que até as próprias igrejas nao tem dado o suporte suficiente!

    Abraços, querido!
    Continue escrevendo!!
    Juliana Brunelli - ABU RC

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  15. Amigo!

    É uma honra ler um texto como esse!

    Independente do fato de eu concordar ou não com qualquer um dos pontos levantados, deleito-me diante do pensamento e da possibilidade dele!

    Abraços e fique com Deus!

    Aline Cavalcanti

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